O que você precisa saber sobre síndrome do olho seco?

3.Como podemos tratar hoje em dia?

O tratamento da síndrome do olho seco basicamente começa com lubrificantes em forma de colírio. Temos vários tipos de lubrificantes e entre cada um deles existe uma questão até pessoal, muitas pessoas preferem um tipo de lubrificante ao outro, mas é muito importante se entender que o preservante da solução de colírio de lágrima artificial deve ser pouco tóxico.

Temos colírios sem preservante, isso pode ser em dose múltipla com sistemas de filtro como o ABAK e o COMMOD ou em flaconetes individuais. Para o paciente que tem olho seco a questão do preservante realmente é muito importante, e a qualidade da lágrima artificial  pode ser observada justamente nesse detalhe.

A suplementação por ômega 3 ajuda, sendo consenso que beneficia em todos os níveis do olho seco de suplementação com ácidos graxos essenciais tipo ômega 3, que são esses ácidos graxos, esses suplementos que a gente pode dar: o óleo de linhaça, que é a fonte natural mais rica de ômega 3, e o óleo de peixe. O Peixe, dependendo do ambiente onde ele vive, tem uma dieta mais rica nesse ômega 3 e ele já metaboliza o ômega 3 para poder ser ingerido de uma forma mais eficiente do ponto de vista molecular. A combinação de um produto com ômega 3 do peixe e da linhaça talvez seja a melhor estratégia.

Em relação ao tratamento do olho seco a gente tem um tratamento anti-inflamatório, que tem que ser avaliado caso a caso. Esse tratamento anti-inflamatório pode ser desde um colírio de corticoide, que deve ser usado por um curto período de tempo e com grande cuidado para o paciente não gostar desse colírio e ficar usando cronicamente. Isso porque aumenta o risco dele ter glaucoma e eventualmente catarata mais cedo.

Temos também ciclosporina em colírio, que podemosr a nível mais prolongado para tratar olho seco e isso realmente ajudou muito no tratamento do olho seco. Mas não é todo paciente que responde bem assim à ciclosporina e demora mais ou menos três semanas para começar a ter um efeito.

A higiene da pálpebra é também muito importante, principalmente quando o paciente tem o que a gente chama de um olho seco evaporativo e uma blefarite associada. Essa higiene deve ser feita de uma forma bastante cuidadosa para não esfregar contra o olho, para não piorar por exemplo um ceratocone que muitas vezes está associado ao olho seco, e deve ser feito de uma forma relativamente rotineira para o paciente poder adaptar a vida dele e manter o controle da disfunção lacrimal e da blefarite.

Hoje em dia a gente tem o IRPL, que é a luz pulsada intensa regulada, mas não é laser. É uma luz que pulsada em uma intensidade bastante alta e regulada de modo que esta energia promove um efeito de acordo com o filtro. Dependendo do filtro que a gente vai usar há estímulos diferentes e aplicações distintas na oftalmologia, dermatologia e ginecologia. Entretanto, o que usamos foi otimizado para tratar a questão evaporativa do olho seco pela disfunção das glândulas de meibomius, que são as glândulas da parte da pálpebra superior e inferior.

O IRPL faz um tratamento em volta dos olhos, não nos olhos. Utiliza-se óculos de proteção para proteger da intensa luz, que pode realmente dar uma toxicidade até a nível retiniano. Se percebe melhora da qualidade das glândulas de meibomius em avaliações objetivas e dos sintomas em mais de 85% dos pacientes. Além disso, a massagem pode ajudar muito, principalmente com a radiofrequência, o que também vai ajudar o paciente com disfunção lacrimal evaporativo por disunção da glândula de meibomius.

2.Como pode ser feito o diagnóstico e como os exames de imagem ajudam no estudo do filme lacrimal e da superfície ocular?

O diagnóstico do olho seco é eminentemente clínico. Existem alguns questionários que podem ajudar a fazer das respostas dos sintomas dos pacientes, scores objetivos. Estes permitem uma quantificação mais objetiva para documentar e avaliar longitudinalmente. 

Exames de imagem também podem ser utilizados para avaliar a estabilidade do filme lacrimal e diversos outros aspectos da superfície ocular como o estado das glandulas de Meibomius, que produzem a camada lipídica do filme lacrimal, o que tem importante relação com a sua qualidade por estar relacionada com a estabilidade do filme lacrimal.

Todas estas avaliações são importante para se documentar cada caso e individualizar o melhor tratamento para cada paciente.

1. O que é Síndrome do Olho Seco?

Síndrome do olho seco pode ser melhor definida como disfunção lacrimal, mas o nome olho seco é mais reconhecido e mais popular.

É uma condição muito comum, na qual o paciente tem instabilidade da superfície ocular em função da lágrima, o que vai alterar tanto a qualidade da visão como levar a sintomas de ressecamento. O paciente tem a tendência de ter irritação, cansaço ocular e vermelhidão nos olhos. 

Existem pessoas que têm problemas de lágrima mais sérios, como a síndrome de Sjöogren, na qual existe uma doença autoimune contra a glândula lacrimal principal que leva a produzir menos lágrimas. Mas o que a gente chama de olho seco ordinário é muito comum por causa de agentes agravantes como o computador, o ar condicionado por exemplo. Eu diria que praticamente todas as pessoas hoje em dia tem algum grau de ressecamento da superfície.

A avaliação clínica que a gente faz permite diferenciar se o problema está na qualidade do filme lacrimal em relação a ser um olho seco que evapora mais rápido a lágrima ou olho seco onde a qualidade da quantidade da lubrificação da parte aquosa é diminuída. É muito importante a gente fazer essa diferenciação para fazer um planejamento estratégico mais eficiente em relação ao tratamento.

Compartilhe