O caminho para resolver o mistério do risco de ectasia depois de cirurgias refrativas de correção visual a laser com inteligência artificial

Lynda Charters

Edição digital , Ophthalmology Times: 1º de setembro de 2020 , Volume 45 , Edição 14

O RTA – alteração da espessura relacional detalha o impacto do LASIK na córnea e aumenta a capacidade para avaliar o risco de falência biomecânica e ectasia progressiva.

https://www.ophthalmologytimes.com/view/mystery-of-ectasia-risk-artificial-intelligence


O artigo foi revisado e traduzido por Renato Ambrósio, Jr, MD, PhD.

Ectasia é uma complicação intrigante e misteriosa dos procedimentos de correção da visão a laser (LVC) na córnea.

O problema potencialmente devastador ressalta a importância de aumentar a capacidade de diagnóstico de ceratocone. Mas vai além pois vem a determinar a necessidade de entender de fato a suscetibilidade ou predisposição da córnea para o desenvolvimento de ectasia progressiva. Com isso, deve ir além da detecção de ceratocone leve ou subclínico.

A estrutura da córnea , bem como o impacto potencial da cirurgia de correção visual a laser (LASIK, SmILE ou PRK), devem ser considerados para prever o risco de ectasia em todos os pacientes.


“O procedimento de correção visual a laser e o hábito de coçar ou esfregar os olhos são os principais culpados ambientais no desenvolvimento de ectasia, que pode ocorrer em qualquer córnea”, disse Renato Ambrósio, Jr, MD, PhD. “Portanto, um fator básico para evitar ectasia é educar o paciente para não esfregar os olhos.”

Ambrósio é professor adjunto de oftalmologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e diretor de cirurgia refrativa da VisareRIO Refracta Personal Laser, Rio de Janeiro, Brasil.

Ambrósio citou o estudo Ectasia Risk Score System de Randleman e colegas que melhorou a identificação do risco de ectasia, combinando padrão topográfico, leito estromal residual, idade e paquimetria pré-operatória. Ele notou que também manifesta refração. Esta escala de risco apresentou especificidade de 91% e sensibilidade de 96%.

Além disso, já em 2001, em seu artigo de revisão juntamente com seu mentor, Prof. Steven Wilson, MD (Cleveland Clinic – Cole Eye Institute) foi reconhecido que mais da metade da espessura original da córnea deveria ser preservada para garantir a integridade da córnea; isso ia contra a clássica “regra de 250 μm” para o leito estromal residual. 2

Esse conceito foi ampliado por Marcony Santhiago, MD (também ex fellow de Wilson) e colaboradores no conceito de porcentagem de tecido alterado (PTA), 3 que determinou que mais de 40% é um fator de risco para ectasia em casos com topografia corneana normal.

Entretanto, o entendimento que a progressão da ectasia ocorre devido à falência biomecânica da córnea, o que está relacionado com a estrutura pré-operatória da córnea e com o impacto do procedimento de CVL.

Considerando que ectasia foi relatada em diversos casos de pacientes de baixo risco sem sinais de ceratocone, uma melhor avaliação pré-cirúrgica deve ser reconhecida como fundamental.

“Identificar ceratocone leve ou subclínico é essencial, mas não o suficiente. A busca é caracterizar a suscetibilidade para a descompensação biomecânica ou progressão da ectasia”, disse Ambrósio.

O desvio da normalidade disponível no Pentacam por meio do Belin-Ambrosio Enhanced Ectasia Display (Oculus Pentacam; Wetzlar, Alemanha) foi a primeira tentativa de prever a ecstasia usando análise de regressão linear. 

Posteriormente, o Pentacam Random Forest Index foi desenvolvido por Bernardo Lopes, MD, PhD em seu trabalho de doutorado na UNIFESP orientado por Ambrósio. 4 Em um estudo multicêntrico caso-controle que aplicou ferramentas de aprendizado de máquina mais sofisticadas para aprimorar a caracterização tomográfica da suscetibilidade à ectasia, o PRFI se mostrou superior ao BAD-D, o que corrobora com o conceito da aplicabilidade e relevância a inteligência artificial para auxiliar na decisão clínica.

Além da Tomografia para Biomecânica

A integração dos dados da tomografia e dos parâmetros biomecânicos da córnea permitiu uma melhoria adicional da precisão para detectar ectasia leve (subclínica), conforme demonstrado em olhos com topografia normal de pacientes com ectasia muito assimétrica.

Para entender o impacto do LASIK na córnea ao avaliar o risco de ectasia, Ambrósio e colegas do BrAIN (Brazilian Artificial Intelligece for Networking in Medicine) conduziram um estudo para desenvolver um novo método baseado em dados aprimorado para fazer isso: a espessura relacional de tecido alterado (RTA – Relational Tissue Altered).

Os dados retrospectivos estavam disponíveis de 3.278 pacientes com resultados de LASIK estáveis por mais de 2 anos ​​e de 105 pacientes que desenvolveram ectasia após LASIK foram analisados. A espessura central da córnea (CCT, ápice) e no ponto mais fino (TP), a idade na cirurgia, a refração manifesta, a profundidade máxima de ablação e a espessura do retalho foram considerados.

O leito estromal residual (RSB) e o PTA foram calculados com base em CCT e TP.

Os primeiros resultados mostraram que o TP é um parâmetro melhor e mais preciso para calcular o RSB e o PTA e avaliar o risco de ectasia do que o CCT.

Os investigadores desenvolveram o RTA como uma fórmula de regressão logística que considera a idade, a relação entre o retalho e o TP, a relação entre a ablação e o TP, o TP do RSB e a diferença entre o ápice e a espessura mínima.

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