Ceratocone – Perguntas Frequentes

Perguntas Frequentes:

Ceratocone é uma doença comum. A gente vê nosso dia tanto quanto os pacientes ficam muito preocupados. É muito importante conhecer sobre a doença, entender quando e como a cirurgia pode ser necessária e certamente uma forma mais eficiente de evitar o problema agrave, que é parar de coçar os olhos.

Essas são as perguntas que mais recebemos sobre o Ceratocone:

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1. O que é ceratocone?

Ceratocone é uma doença da córnea, que é a lente transparente mais externa do olho. No ceratocone, a córnea é mais frágil (falência biomecânica), o que torna o seu formato irregular. É uma doença progressiva, o que faz com que o grau do paciente de astigmatismo fique “menos fácil” de corrigir com óculos, o que a gente chama de astigmatismo irregular, tipicamente associado à miopia, mas em alguns casos pode ter hipermetropia também.

O ceratocone é uma doença da córnea do grupo das ectasias, ou seja, existe afinamento e protrusão.

2. Como ocorre esta doença?

O ceratocone, como qualquer outra doença, acontece por uma combinação entre a genética e o ambiente. É possível que uma pessoa tenha uma genética com muito susceptibilidade ou predisposição e nunca desenvolva a doença. Isso porque ela não coçou os olhos por exemplo, que é o fator mais importante para o desenvolvimento e para o agravamento do ceratocone.

É interessante a gente considerar menos de 20% das pessoas que tem ceratocone de fato tem algum familiar detectado com a doença. Muitas vezes isso pode ser subclínico, ou seja a doença assintomática em algum membro da família. É comum a gente ver em um exame de rotina de um pai, mãe ou de um irmão de um paciente com ceratocone, a presença de traços da doença, que a gente chama de doença subclínica, ou forma frustra da doença.

3. Quais são os sintomas e como diagnosticar?

Na fase inicial o ceratocone pode não ter nenhum sintoma. A mudança do grau dos óculos do paciente, que pode estar aumentando e até ficando menos regular. É interessante nesta situação, solicitar alguns exames complementares, porque os exames percebem a doença antes do paciente perceber piora da visão.

Os sintomas de dificuldade na qualidade da visão, perda progressiva da visão e os óculos não funcionarem mais tão bem acontecerão em uma fase mais avançada da doença, que a gente eventualmente não quer que aconteça. É interessante portanto fazer os exames para fazer o diagnóstico precoce, na fase inicial da doença, onde a gente consegue fazer um tratamento muito mais eficiente e diminuir a chance dessa doença trazer sofrimento para o paciente.

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4. Qual é a incidência do ceratocone?

Ceratocone é uma doença relativamente comum. Alguns estudos de mais de 30 anos trazem a incidência de 1 caso para cada 2000 pessoas. Entretanto, já se sabe que isso é muito mais comum do que essa incidência “tradicional”. Alguns trabalhos em áreas que tem muito ceratocone como na Arábia Saudita, 5% das crianças examinadas num centro de emergência pediátrica não-oftalmológico que fazem exame de rastreamento, têm a doença diagnosticada. A maioria dessas pessoas não têm conhecimento sobre a doença.

Aqui no Brasil a gente acredita que deve ser 1 caso para cada 250 pessoas, mas é muito importante fazermos estudos na nossa população para poder levantar essa estatística.

5. Pode levar à cegueira? Existe cura?

Cegueira pode ser definida como a baixa de visão. O ceratocone sim, pode levar à baixa visual, mas é uma forma “reversível” de cegueira.

Cura é uma questão relativamente difícil. Mas se consegue, principalmente utilizando os tratamentos mais adequados que se dispõe hoje em dia, trazer uma pessoa que tem uma dificuldade visual por ceratocone para uma vida praticamente normal. Mas, sendo uma doença progressiva, há necessidade de acompanhamento para eventualmente detectar progressão e tratar de modo a evitar a piora da visão. Este é o nosso grande objetivo.

6. Quais os objetivos do tratamento?

O tratamento do ceratocone tem basicamente dois objetivos: a reabilitação visual e a prevenção da perda da visão. Cada vez mais o objetivo do tratamento está em estabilizar a doença e não deixá-la progredir.

Devemos destacar que é possível o paciente estar enxergando bem, mas ter a doença e em progressão. A capacidade dos exames de diagnosticar e avaliar a progressão do ceratocone de forma precoce e mais sensível é possível com as tecnologias mais avançadas para a avaliação clínica.

7. Como é feito o tratamento?

Os óculos são a forma inicial para reabilitação visual, eles corrigem a miopia e astigmatismo ou a hipermetropia e astigmatismo. Quando existe irregularidade, os óculos funcionam “menos bem”. Por outro lado, o exame de wavefront, que mede as aberrações ópticas do olho, pode ajudar em mais de 60% dos casos se prescrever óculos ou exame de refração melhor.

As lentes de contato são indicadas quando os óculos não estão proporcionando uma visão de qualidade para o paciente. É muito importante que a lente de contato seja muito bem adaptada. De fato, a adaptação de lentes de contato oferece a melhor visão para o paciente.

8. As lentes de contato ajudam a estabilizar a doença?

Infelizmente, as lentes de contato não oferecem o benefício de estabilizar a progressão do ceratocone. Seria muito bom se isso fosse verdade. Mas este foi um dos temas de nosso consenso de 2015, que a lente de contato não oferece este benefício. Por outro lado, é a forma mais eficiente de corrigir e melhorar a visão do paciente.

É interessante falarmos sobre a situação onde o paciente tem uma boa visão com óculos, e quer usar a lente de contato de forma eletiva ou cosmética. Isso é possível, mas deve ser feito com muito cuidado e atenção para os exames de acompanhamento. Isto porque as lentes de contato podem quando menos bem adaptadas trazer um fator a mais para o risco de progressão.

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9. Quais as cirurgias que podem ser executadas?

Até o final da década de 90, basicamente só tinha o transplante de córnea como opção cirúrgica para o ceratocone. A gente esperava o paciente evoluir muito, estar com uma situação muito avançada para valer a pena fazer o transplante.

Hoje em dia a gente tem o anel intraestromal, o cross-linking e outras cirurgias que podem ser combinadas como a ablação de superfície personalizada. Essas cirurgias quebraram um paradigma na indicação de cirurgia no ceratocone, mas criaram um verdadeiro paradoxo, pois quando você precisa fazer a cirurgia, deve fazer logo, mas por outro lado quando não precisa você não deve operar.

10. Quando a cirurgia está indicada?

A cirurgia está indicada em basicamente duas situações: quando o paciente não tem uma boa visão com a correção obtida pelos óculos ou pelas lentes de contato, ou quando tem progressão. 

Muitas vezes o paciente pode ter uma boa visão, mas tem uma progressão documentada, e nessa situação a cirurgia deve ser realizada. Nesse caso, o cross-linking, que é um freio para progressão da doença, seria a cirurgia a ser realizada. Por outro lado, quando o paciente já perdeu qualidade de visão em quantidade por causa da irregularidade, o cross-linking tem efeitos relativamente pequenos. Nessa situação a melhor indicação seria o implante do anel.

No implante do anel é utilizado um túnel, e esse túnel pode ser criado de forma manual ou com laser de femtossegundo. De todas as aplicações do laser de femtosegundo essa é a que eu acho que tem mais vantagem para o paciente em relação à segurança e eficácia.

11. Depois da cirurgia pode precisar de óculos?

O objetivo da cirurgia não é refrativo, é terapêutico. O que isso quer dizer?

Quando se faz a cirurgia com objetivo refrativo, a intenção é diminuir a dependência de óculos ou eventualmente eliminar, o que a gente consegue na grande maioria dos pacientes. Mas no caso do ceratocone, o objetivo é terapêutico, ou seja, reabilitação visual. Em outras palavras é fazer uma cirurgia para o paciente conseguir uma reabilitação visual mais adequada com óculos ou até lentes de contato.

É verdade que alguns pacientes com ceratocone conseguem ficar sem óculos, ou com grau muito pequeno. Entretanto, embora toda a evolução nos possibilite oferecer mais para o paciente com ceratocone, o objetivo principal não deve ser refrativo. Muitas vezes, ir atrás deste objetivo pode comprometer a segurança da cirurgia. É por isso que a gente tem que avaliar muito bem cada caso e fazer o melhor planejamento possível para melhorar a qualidade de vida do paciente, independente da necessidade de correção por óculos posteriormente.

12. Sobre o transplante de córnea: quando precisa fazer e como é realizada uma cirurgia?

O transplante já foi a única opção cirúrgica e era o transplante total da córnea, ou penetrante. Hoje, temos o transplante lamelar, que pode ser anterior no caso do ceratocone e também têm os transplantes lamelares par parte interna ou posterior para outras doenças, como a distrofia de Fuchs e o edema depois da cirurgia de catarata.

No caso do transplante é preciso um doador, então é muito importante que a gente divulgue e promova a ideia de todas as pessoas doarem as córneas e os outros órgãos também, pois vai ajudar as pessoas que estão nas filas de bancos de tecidos, como os transplantes de córnea.

O transplante de córnea é hoje a última opção, mas não é por isso que o transplante de córnea seja uma opção ruim. Ele é uma opção boa para paciente, uma vez que de todos os transplantes que temos na medicina o transplante de córnea é o transplante de órgãos sólidos com melhores chances de sucesso. Mas é a última opção e começa uma vida nova pro paciente quando se fala em astigmatismo e chance de rejeição. Tudo isso precisa ser muito bem entendido. Não é uma cirurgia que troca a córnea e você vai ficar perfeito, mas se você realmente evoluiu para precisar de um transplante de córnea, a cirurgia tem grandes chances de sucesso.

13. O que podemos fazer para evitar ceratocone?

É muito difícil você prevenir uma doença quando ela já está estabelecida, mas existe no caso do ceratocone, uma medida que a gente pode tomar que realmente é muito eficiente. No nosso dia a dia, comprovamos que se as pessoas que param de coçar os olhos diminuem a progressão da doença. Então de uma forma bem contundente eu posso dizer que parar de coçar os olhos, esfregar o olho, dormir em cima do olho, fazer pressão sobre o olho, tem um efeito positivo em relação a quem tem a predisposição para ter ceratocone.

Coçar os olhos causa a doença e agrava quem já a tem. Então a prevenção pode ser relativamente simples, tratar a alergia e eventualmente controlar a vontade de coçar os olhos. Este processo alérgico vai ter um efeito biológico em relação ao desenvolvimento do ceratocone, mas coçar os olhos pode ser uma medida relativamente simples para melhorar a visão do paciente e eventualmente diminuir o risco de progressão da doença.

Conclusão

Ceratocone é uma doença comum. A gente vê no nosso dia a dia que tanto os pacientes quanto os familiares ficam muito preocupados. É muito importante conhecer sobre a doença, entender quando e como a cirurgia pode ser necessária e certamente a forma mais eficiente de evitar que o problema se agrave, que é parar de coçar os olhos.

Por favor deixe aqui o seu comentário e nos ajude a ajudar as pessoas nessa promoção do conhecimento sobre a doença. A gente sabe que a falta de conhecimento, e até o desconhecimento, pode fazer sofrer muito mais do que a própria doença, e isso pode ajudar muita gente.

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