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Nas últimas décadas, o conhecimento sobre a síndrome do olho seco aumentou consideravelmente. A frequência de problemas oftalmológicos relacionados a lágrima é cada dia mais evidente, especialmente na atualidade, com o uso cada vez mais frequente de eletrônicos, poluição, baixa umidade do ar, entre outros fatores.

O olho seco é uma doença multifatorial da superfície ocular. O conceito engloba inflamação e aumento da osmolaridade da lágrima. Entre as principais causas/ fatores de risco estão:

• Idade (maior)
• Sexo (mais comum em mulheres)
• Estilo de vida (uso frequente de eletrônicos, lentes de contato, cosméticos)
• Doenças oculares
• Doenças sistêmicas
• Fatores ambientais (baixa umidade do ar, poluição, clima seco, ar condicionado)
• Medicamentos 

FILME LACRIMAL

Um filme lacrimal saudável e estável, é fundamental para a manutenção da saúde ocular, em grande parte, porque forma a superfície de refração primária para a entrada da luz no sistema visual, e protege e umidifica a córnea. Ele é visto como um ‘sanduíche de três camadas”, lipídica, aquosa e mucina.

A camada de mucina cobre a superfície ocular, em seguida a camada aquosa cuida do epitélio, fornecendo lubrificação e alguns nutrientes. A camada mais externa, lipídica, evita a perda da camada aquosa mediante a evaporação.

A camada lipídica, é derivada do meibum, secretado das margens palpebrais, e é espalhada no filme lacrimal em cada piscada.

A doença do olho seco geralmente ocorre por deficiência ou diminuição da produção de lágrima, ou, mais frequentemente, por aumento da evaporação da lágrima.

 No primeiro, olho seco por deficiência aquosa, temos as doenças auto-imunes como Síndrome de Sjogren, que cursa com olho e boca secos, e pode vir associada a outras doenças reumatológicas, além de outras causas como envelhecimento e uso de medicações como anti-depressivos e anti-histamínicos.

No segundo grupo, olho seco evaporativo, temos principalmente as blefarites (inflamação das margens palpebrais) que causam alteração da produção da camada de gordura (lipídica) da lágrima, que permanece menos tempo na superfície ocular, evaporando mais facilmente. 

Outras situações que aumentam a evaporação da lágrima são uso excessivo de eletrônicos e permanência em ambientes com baixa umidade relativa do ar.

SINTOMAS

• Ardência
• Sensação de areia nos olhos
• Irritação ocular
• Olhos vermelhos
• Prurido
• Podem ser assintomáticos

COMO DIAGNOSTICAR 

Existem várias maneiras de se avaliar a síndrome da disfunção lacrimal. Durante o exame oftalmológico, após a anamnese e a aplicação de questionário específico avalia-se:  

• Acuidade visual
• Refração (grau dos óculos)
• Biomicroscopia, teste com corantes vitais para a superfície ocular
• Teste de Schirmer quando necessário
• Estudo multimodal da superfície ocular com Keratograph 5M
• Osmolaridade da lágrima

O Keratograph 5M é um topógrafo corneano avançado com um ceratômetro integrado e um sistema de imagem digital otimizado para imagens externas. As características únicas incluem o exame das glândulas meibomianas, o tempo de ruptura do filme lacrimal não invasivo, a medida da altura do menisco lacrimal, avaliação da camada lipídica, entre outros.

TRATAMENTO

Difícil falar em tratamento definitivo, uma vez que se trata de uma doença crônica, multifatorial, que necessita de cuidados e tratamento contínuo. 

Medidas gerais/locais:

• Controle ambiental
• Hábitos de vida / condições de trabalho
• Higiene das pálpebras e cílios com produtos específicos
• Calor local

Nos casos mais simples, as lágrimas artificiais melhoram os sinais e sintomas do olho seco. Nos casos mais complexos, com a inflamação da superfície ocular, outros tratamentos devem ser avaliados como uso de antibióticos orais, tópicos, além de colírios com efeito anti-inflamatório, até oclusão dos pontos lacrimais.

LUZ INTENSA PULSADA REGULADA (E-EYE IRPL)  

O E-Eye IRPL é um dispositivo de luz pulsada intensa regulada especificamente projetado para o tratamento da Síndrome do olho seco ligada a Disfunção das glândulas de Meibômio (DGM). Está indicado nos pacientes diagnosticados com olho seco evaporativo e em alguns casos, nas formas mistas.

Através da aplicação de luz pulsada policromática, o E-Eye gera sequência de pulsos uniformes e perfeitamente calibrados, estimulando e desobstruindo as glândulas. Em resposta a esse estímulo, as glândulas de meibomio voltam a entregar lipídios ao filme lacrimal, evitando que este se evapore.

São realizadas três sessões (D1,D15,D45), e em alguns casos, a quarta sessão pode ser necessária no 75 dia. Cada sessão dura alguns minutos, são minimamente invasivas e indolores. 

Para cada sessão são aplicados 4 flashes na pálpebra inferior e um temporal, da extremidade interna para externa. Os resultados são cumulativos. Uma sessão-controle é aplicada uma vez ao ano como manutenção.

Após cada sessão, normalmente realizamos a expressão das glândulas de meibomius, a fim de avaliar a expressividade e qualidade do meibum.

Alguns cuidados devem ser tomados durante o tratamento, como o uso de proteção solar na face. O objetivo do tratamento é melhorar a qualidade da lágrima do paciente, reduzindo a necessidade de instilação de colírios lubrificantes.